23 de maio de 2018, Museu da Polícia, MUP, Lisboa

Memórias da Polícia

António Ramos participou ativamente na luta pela organização sindical da polícia durante a década de 80. Afirma que à data da sua incorporação na corporação, em 1979, a PSP era ainda uma força militarizada e que os polícias eram alvo de uma forte repressão, cumprindo penas disciplinares na esquadra da Reboleira. Explica como foi possível progredir e alargar a luta sindical aos vários comandos e recorda a repressão de que vários colegas foram alvo, sendo expulsos ou transferidos compulsivamente para outras divisões. Refere alguns dos apoios que a luta sindical reuniu, desde as forças policiais nacionais (a GNR, a Guarda Fiscal, a Guarda Prisional ou a Polícia Judiciária) às internacionais (as polícias espanholas e francesas), e menciona a oposição do poder político e da hierarquia à organização sindical da polícia. António Ramos foi um dos dirigentes detidos a 21 de abril de 1989, durante a manifestação dos “secos e molhados”. Descreve detalhadamente o episódio de protesto, inclusivamente o momento em que vários elementos do Corpo de Intervenção (CI) se recusaram a avançar sobre os colegas. Detido, António Ramos foi conduzido até à Esquadra de Queluz, onde passou a noite, e foi posteriormente julgado no Tribunal de Instrução Criminal, tendo sido absolvido. Fala-nos de algumas das conquistas alcançadas na década de 90 – a folga semanal, o subsídio por turno e piquete, a criação das associações socioprofissionais e a aprovação do novo estatuto profissional – e das várias propostas de lei apresentadas para a criação de sindicatos, facto que apenas se veio a consumar em 2002, com a aprovação da criação de sindicatos sem direito à greve na polícia. Conclui refletindo acerca dos sacrifícios pessoais e profissionais que a luta sindical implicou para todos os seus participantes.