27 de março de 2019, Museu da Polícia, MUP, Lisboa

Memórias da Polícia

Manuel dos Reis ingressou na PSP em 1948. Descreve o período de instrução como um “tempo mau”, que o obrigou a uma grande disciplina e a um enorme esforço físico. Após o período de instrução é colocado na Esquadra de Alcântara e inicia funções de patrulhamento, um serviço “rigoroso, difícil [e que] não permitia o descanso suficiente”. Procurava dar continuidade aos seus estudos e por isso matriculou-se na Escola Comercial Ferreira Borges e posteriormente no ensino liceal. Para si, estes foram tempos de conciliação entre os estudos e a carreira policial. Em 1956 foi promovido a Subchefe, desempenhando funções na Esquadra de Alcântara e no Comando de Lisboa. Em 1962, após frequentar o curso de Chefe, é promovido a Comandante da Companhia Móvel da Polícia, conhecida por “Polícia de Choque”. Recorda vários episódios de atuação da Companhia Móvel, nomeadamente a sua primeira intervenção durante uma manifestação nos Restauradores. Aquando da criação da Escola Prática da Polícia (EPP) é convidado pelo Comandante Pinto Soares a desempenhar o cargo de Instrutor. É promovido a Comissário Principal em 1969 e no mesmo ano é destacado para Coimbra aquando da crise académica. A propósito, fala-nos dos equipamentos e mecanismos utilizados pela Companhia Móvel para dispersar os manifestantes. Fala-nos de algumas das transformações observadas nas competências e atribuições da PSP aquando do 25 de Abril, nomeadamente no que respeita à questão dos passaportes e fiscalização, até então sob a jurisdição da DGS. Manuel dos Reis ficaria a chefiar o Serviço de Justiça do Comando Geral, encarregue destas matérias. Após algumas tensões e conflitos com elementos militares dentro da polícia, é-lhe instaurado um processo disciplinar, do qual é absolvido. Termina a sua carreira chefiando o Comando de Lisboa e a Divisão da Amadora. Conclui a entrevista declarando-se partidário da “nova polícia”.