16 de julho de 2019, Museu da Polícia, MUP, Lisboa

Memórias da Polícia

Antigo dirigente da ASPP/PSP, Álvaro Marçal ingressou na PSP em janeiro de 1983. Até então trabalhava na construção civil. Frequentou durante seis meses a Escola Prática da Polícia (EPP), em Torres Vedras, e durante este período tomou contacto, pela primeira vez, com o movimento associativo e sindical da polícia. É incitado pelo seu irmão a associar-se a este movimento, ainda que conhecesse os riscos que corria tanto a nível profissional como pessoal. Descreve detalhadamente o dia em que é recrutado para o movimento associativo e as atividades que desenvolveu na clandestinidade, enquanto dirigente clandestino. No dia 21 de abril de 1989 tem lugar, em Lisboa, a conhecida manifestação dos “secos e molhados”. Membro do Corpo de Intervenção, Álvaro Marçal estava de serviço nesse dia e fazia parte do pelotão de alerta máximo. Tinha, na noite anterior, mobilizado vários polícias para a manifestação. Chamado a intervir pelo comandante da unidade, recusa-se a avançar sobre os colegas, atitude que levaria ao seu afastamento do Corpo de Intervenção. Reflete acerca do processo sindical na polícia, afirmando que certos partidos políticos, sobretudo da direita, receavam que a criação do movimento associativo e sindical pudesse fomentar a proliferação de forças políticas dentro da corporação. À época, o movimento associativo reunia apoios entre os partidos de esquerda (como o PCP e o PS) e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. O dia 21 de abril de 1989 é para si um marco histórico e uma rutura com o modelo esgotado do passado. Termina refletindo acerca da atuação do CI em diversas instâncias sociais, sublinhando que atualmente este corpo se encontra preparado e treinado para gerir os incidentes sociais numa ótica de equilíbrio e respeito pela liberdade democrática.