17/07/24, Comunidade Kalunga Engenho II

Memórias da Reserva da Biosfera do Cerrado

Adriano da Silva é um membro activo da comunidade calunga. Adriano descreve o seu percurso pessoal de formação e regresso ao território, destacando a tensão permanente entre a necessidade de aceder a novos conhecimentos técnicos e o compromisso com a preservação dos modos de vida tradicionais. Usa a sua formação técnica em informática para fortalecer as capacidades comunitárias através da criação de tecnologias adaptadas, como a aplicação de inquéritos offline para mapeamento populacional e ambiental. Relata o seu envolvimento em projectos de gestão territorial subsidiados por instituições internacionais, a importância da recolha de dados fiáveis para a reivindicação de políticas públicas e a participação activa em processos de melhoria das infraestruturas locais, como a abertura de estradas e o reforço dos serviços de saúde e educação. Adriano enfatiza o papel central da Agricultura Familiar como estratégia de resistência económica, especialmente durante a pandemia de COVID-19, e denuncia os impactos visíveis das alterações climáticas na produção agrícola e na segurança hídrica da comunidade. A dimensão cultural da vida comunitária é abordada, com destaque para a transmissão intergeracional dos saberes tradicionais, as festividades religiosas e a afirmação identitária dos calungas. Adriano faz uma reflexão sobre a responsabilidade política de ser um jovem representante da sua comunidade, a persistência da discriminação étnica e o significado profundo de viver e resistir no Cerrado, reafirmando a ligação vital entre território, cultura e luta social.