16/07/24, Estancia Jacy

Memórias da Reserva da Biosfera do Cerrado

Lucas Gomes nasceu e cresceu na comunidade do Moinho. Nesta entrevista descreve algumas práticas tradicionais da comunidade, reconhecida oficialmente como comunidade quilombola em 2014. Relata algumas das suas memórias da infância e da juventude em estreito contacto com o bioma do Cerrado, evidenciando práticas de extrativismo sustentável, produção alimentar familiar e uma profunda valorização do território como fonte de vida e de identidade colectiva. Destacam-se actividades como a produção de farinha, a colheita de frutos nativos, a utilização de plantas medicinais e a gastronomia típica, transmitidas de geração em geração. Lucas decidiu permanecer na terra natal, procurando reforçar as estruturas comunitárias e educacionais locais. Actualmente, está envolvido em projectos de turismo de base comunitária, como a "Travessia Cavaleira", que visam recuperar trilhos históricos e formar guias locais, integrando o turismo sustentável como estratégia de geração de rendimento e fortalecimento identitário. Aborda as dificuldades impostas pela expansão urbana e pela crescente escassez de água, gerida através de práticas tradicionais como os mutirões. Refere ainda o impacto das alterações ambientais observadas nas últimas décadas, nomeadamente a diminuição da biodiversidade local. Lucas destaca a importância das parcerias com instituições universitárias no apoio à gestão cultural e ambiental. Enfatiza a necessidade de preservar o equilíbrio comunitário e de respeitar os ritmos tradicionais, evitando a descaracterização cultural provocada pelo turismo massificado.