17 de março de 2023, Sala do Serviço Educativo da Casa de Cinema Manoel de Oliveira, Serralves

Memórias do Parque de Serralves

Isabel Pires de Lima, Vice-Presidente da Fundação de Serralves, começa por mencionar que a cidade do Porto foi, durante as décadas de 60, 70 e 80, um verdadeiro “deserto” em matéria de arte contemporânea. Com a exceção da cooperativa Árvore (no Porto) e da Fundação Calouste Gulbenkian (em Lisboa), não existia em Portugal uma tradição de colecionismo de arte contemporânea, quer nacional, quer internacional. Para si, a criação do Museu de Arte Contemporânea de Serralves foi um dos elementos mais transformadores da dinâmica cultural da cidade do Porto. A propósito, recorda a capacidade visionária e a coragem da então Secretária de Estado da Cultura, Teresa Patrício Gouveia, em promover um Museu de Arte Contemporânea no Porto. Salienta algumas das mudanças que este trouxe, assim como o papel fundamental da classe empresarial portuense para a sua afirmação. Relata algumas das resistências iniciais à criação do Museu, sobretudo vindas dos setores mais conservadores e de alguns meios culturais, assim como reflete acerca das vantagens e desvantagens da localização periférica de Serralves no contexto da cidade do Porto. Acredita que o Parque é um dos grandes pontos de atração de Serralves, aspeto que a pandemia do Covid-19 veio a salientar.
Isabel Pires de Lima deu este testemunho no 2 º Encontro de Memórias, realizado no dia 17 de março de 2023 na Sala do Serviço Educativo da Casa de Cinema Manoel de Oliveira, subordinado ao tema “O Parque e a Cidade". O encontro reuniu, numa conversa informal, um conjunto de pessoas que têm acompanhado a presença do Parque de Serralves na sua relação com a cidade do Porto, partilhando as suas perceções sobre as formas como se têm influenciado em diversos domínios, como o urbanismo, a paisagem, as práticas culturais, as sociabilidades ou o turismo, entre outros.