18/07/24, Estancia Jacy

Memórias da Reserva da Biosfera do Cerrado

Ronald Silva, vai ver para Brasília com os seus pais nos anos iniciais da sua fundação, salienta a precariedade das condições de vida dos trabalhadores da construção da capital federal e as tensões sociais vividas nesse contexto. As suas experiências formativas, são profundamente marcadas pelo contacto com o Cerrado, conduzem-no, já na idade adulta, a uma busca consciente por estilos de vida alternativos. Na década de 1980, Ronald envolve-se activamente nos movimentos de comunidades rurais alternativas, particularmente na fundação do projecto "Rumo ao Sol", em Alto Paraíso em Goiás. Este movimento propunha um modelo de vida baseado na autossuficiência, na simplicidade, no respeito pela natureza e na valorização espiritual do território. Descreve o encontro entre os novos residentes e as comunidades tradicionais, como os Calungas, bem como os desafios dessa convivência. Ronald analisa criticamente os processos de urbanização e expansão turística que transformaram a Chapada dos Veadeiros, sublinhando os impactos ambientais e culturais da monocultura de soja, da pressão imobiliária e da turistificação. Realça o papel das organizações ambientais internacionais na década de 1990, mas adverte para a necessidade de maior enraizamento local das práticas de conservação. A experiência pessoal com a escolarização da filha revela, de forma concreta, o afastamento dos valores tradicionais na educação formal contemporânea, onde a ruptura com a ligação à terra e à comunidade é sentida de forma aguda. Reflecte, também, sobre o futuro da Chapada dos Veadeiros, enfatizando a urgência de estratégias que conciliem o desenvolvimento económico com a preservação ambiental e cultural.