Entrevistas:
Maria Alice da Silva
Data da entrevista:
17/07/24, PREVFOGO, Cavalcante, Goiás
Projeto:
Resumo:
Maria Alice da Silva é de Cavalcante, Goiás. Estudou pedagogia e foi professora até 2010, quando se aposentou. Nesta entrevista começa por evocar as suas origens familiares e a migração dos seus bisavôs portugueses para Goiás Velho. Ao longo da conversa, descreve a infância e juventude em Cavalcante, numa época marcada pela ausência de eletricidade, de abastecimento de água canalizada e de meios de comunicação. A vida quotidiana era tecida por práticas de entreajuda, brincadeiras, rituais familiares e histórias orais. Maria Alice conta-nos o seu percurso escolar que a levou a estudar em Goiânia, onde concluiu o ensino superior. A sua experiência nesta cidade é descrita com detalhe, destacando as dificuldades de adaptação, o afastamento da família e as diferenças culturais entre a cidade grande e a sua terra natal. Após a formação, regressa a Cavalcante, onde foi professora, directora e coordenadora escolar até à sua reforma. É uma participante ativa na vida comunitária, focando-se na preservação das festas tradicionais, como a de São João e a Caçada da Rainha. Estas festividades são descritas detalhadamente: os cortejos, os cânticos religiosos, a gastronomia, o papel das crianças e a organização familiar. Maria Alice fala sobre o progressivo declínio da adesão comunitária a estas celebrações, com falta de apoio e pelo desinteresse dos mais jovens, embora destaque tentativas pessoais de revitalização e adaptação destas tradições. Foi, também, directora de Cultura entre 2010 e 2013, período em que foi fundado o Conselho de Cultura de Cavalcante. Denuncia as dificuldades estruturais e políticas que impedem a continuidade de políticas públicas de valorização cultural, nomeadamente nas zonas rurais e nas comunidades calungas. Descreve com entusiasmo as manifestações culturais, como o artesanato, a música, o teatro, a Congada e as festas religiosas, bem como a sua importância enquanto práticas identitárias. Faz uma reflexão sobre o que significa ser do Cerrado: um sentimento profundo de pertença, tranquilidade e ligação afectiva ao território.
  Joana Cardoso da Costa Ralão 
 
 Entrevistador
 Maria Alice Ferreira da Silva 
 
 Entrevistado
 Pagárrenda 
 
 Editor técnico