Entrevistas:
Ana Gabriella
Data da entrevista:
16/07/24, Vila de São Jorge
Projeto:
Resumo:
Ana Gabriella mudou-se do interior do Paraná para a região do Cerrado, pela qual se apaixonou. Para Ana, o Cerrado não é apenas um território de cura e pertença, mas também um campo fértil para a reinvenção de práticas terapêuticas e económicas sustentáveis. Desde a sua chegada à Chapada dos Veadeiros, Ana estabeleceu uma relação íntima com os saberes tradicionais ligados às plantas medicinais. A sua experiência pessoal com a cura da leishmaniose pela raizeira Dona Flor, aliada a vivências em espaços de permacultura e agrofloresta, reorientam o seu percurso pessoal e profissional. Ao rejeitar o caminho académico formal, optou por uma formação empírica e comunitária baseada no contacto direto com a natureza e o saber oral. Nesta entrevista fala-nos do cultivo de ervas medicinais em contexto familiar até à produção artesanal de pomadas, óleos e cosméticos naturais, passando pela recolha ética de plantas e o diálogo contínuo com raizeiras e raizeiros da região. Destaca o seu envolvimento com práticas sustentáveis de colheita e a denúncia as formas predatórias de exploração de plantas que ameaçam a biodiversidade do Cerrado. Ana reflecte ainda sobre os desafios legais enfrentados pelos produtores tradicionais no Brasil, nomeadamente a ausência de reconhecimento jurídico das práticas da medicina popular e a marginalização das parteiras, pajés e raizeiros. Participa ativamente em encontros de partilha de saberes, defende a visibilidade e valorização destas figuras. Ana reflecte sobre o papel da mulher no empreendedorismo sustentável e a urgência da transmissão intergeracional dos saberes do Cerrado. Para Ana, o Cerrado possui uma riqueza profunda essencial para o equilíbrio ecológico, espiritual e cultural do território.
Susana Domingues

Entrevistador
Ana Gabriella Gouveia

Entrevistado
Pagárrenda

Editor técnico