19/07/2024, Coletivo de Mulheres Maria da Terra, Flores

Memórias da Reserva da Biosfera do Cerrado

Leidiane Severino partilha, nesta entrevista, o seu percurso de vida, marcado pela luta pela terra e pela construção de uma vida digna no Cerrado. Há cerca de 16 anos, mudou-se com o marido e a filha para o município de Flores, levada pelo sonho de ter o seu próprio pedaço de terra e trabalhar autonomamente. Conta-nos sobre as dificuldades enfrentadas nos primeiros tempos: as condições de habitação precárias - vivendo debaixo de uma lona durante 15 dias e depois em casas improvisadas durante quase 9 anos. A família apenas conseguiria uma casa mais tarde e já com apoio do INCRA. Refere que, com o tempo, conseguiram uma terra mais fértil e próxima da cidade, começando a produzir feijão e pimenta com o objectivo da sua comercialização. Leidiane participa ativamente na associação de mulheres da comunidade, envolvida em projetos como a produção de mel. Para si a organização coletiva é o caminho para fortalecer a emancipação feminina. Em relação ao meio ambiente, tem consciência ecológica: evita o uso de agrotóxicos, não utiliza fogo para limpeza do terreno e reconhece os riscos das grandes plantações e das queimadas. Tem como compromisso um modelo sustentável de produção e valoriza os frutos do Cerrado. Para Leidiane, o Cerrado representa tudo: é vida, é sustento e é também parte da sua identidade.