20-04-2024, Casa Museu e Sede Do Grupo Folclórico E Etnográfico "As Tecedeiras De Almalaguês"

Memórias de Almalaguês e Torre de Bera

Rosa Reis nasceu em Anaguéis, uma aldeia da freguesia de Almalaguês, em 1953. Aprendeu a tecer com 12 anos e, desde então, tomou como profissão ser tecedeira. Outra dimensão da sua vida reside na preservação da tradição do Arroz-Doce em Almalaguês. Rosa relata que aprendeu a receita com a sua mãe, e foi também com ela que decidiu prosseguir a tradição de fazê-la por altura de um casamento na aldeia. Os noivos, para anunciarem à comunidade que se iriam casar, distribuíam por amigos e vizinhos um prato de arroz-doce. Em seguida, estes últimos deveriam devolver o prato, ao que lhe acrescentavam uma retribuição para iniciarem esta nova etapa das suas vidas. Rosa apresenta ainda a sua receita desta iguaria, bem como uma demonstração do ato de “bordar” o arroz.
Já Filipe Pessoa partilha a sua experiência na Confraria do Arroz-Doce. Com um interesse profundo na história e na gastronomia, Filipe tem como objetivo investigar e divulgar as diferentes formas de preparar esta sobremesa. Este papel de catalogação e estudo das receitas de Arroz-Doce procura manter viva a tradição e garantir que a culinária ancestral, passada de geração em geração, não se perca. Segundo ele, o Arroz-Doce tem uma ligação especial ao tear, por ser servido com tecidos que cobriam os pratos. Para além desta receita, Filipe relembra a riqueza da gastronomia da aldeia, em particular o caldo, os negalhos e a chanfana. Em todos esses pratos se destaca um elemento: o aproveitamento dos recursos disponíveis.