Nota Biográfica:
Subscritor da SEDES nº 86 - Gonçalo Pereira Ribeiro Telles, Arquiteto Paisagista
Nasceu a 25 de maio de 1922.
Formação e percurso académico
Licenciou-se em Engenharia Agrónoma e Arquitetura Paisagista no Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade Técnica de Lisboa, em 1952.
No início da sua atividade profissional conciliou o trabalho nos Serviços da Câmara Municipal de Lisboa com a docência no ISA. Foi discípulo de Francisco Caldeira Cabral, um pioneiro da arquitetura paisagista em Portugal, de quem foi assistente no curso livre de Arquitetura Paisagista (1957-1963). Escreveu com Francisco Caldeira Cabral A Árvore, livro publicado em 1960, reeditado em 1999 e 2005 com o título A Árvore em Portugal.
Lecionou como Professor Catedrático convidado (1976) na Universidade de Évora, onde criou as licenciaturas em Arquitetura Paisagista e Engenharia Biofísica. Passou a professor catedrático jubilado em 1992.
Percurso profissional
De 1951 a 1953 integrou a Repartição de Arborização e Jardinagem na Câmara Municipal de Lisboa. A partir de 1952 a sua atividade profissional é focada nas áreas do planeamento regional e urbano (de que são exemplos o Plano Diretor de Nova Lisboa, Angola, e o Plano Verde do Seixal); desenho urbano (Vale da Avenida da Liberdade, em Lisboa); ordenamento rural (Herdade da Ínsua); paisagem industrial (Siderurgia); recuperação da paisagem (Pedreiras do Tijocal, na serra da Arrábida), enquadramento e valorização dos jardins históricos (Jardim do Palácio do Marquês de Pombal, Solar de Mateus) e vários jardins privados. Em 1955, tornou-se arquiteto paisagista do Gabinete de Estudos de Urbanização da CML, dirigido pelo engenheiro Guimarães Lobato. Exerceu estas funções até 1960.
Entre 1965 e 1974 trabalhou no Fundo de Fomento de Habitação no qual dirigiu, de 1971 a 1974, como arquiteto paisagista, o Setor de Planeamento Biofísico e de Espaços Verdes. Integrou na mesma época a equipa do Plano Diretor Municipal de Lisboa.
Assinou, com António Viana Barreto, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian.
Entre 1998 e 2002 concebeu, a pedido da Câmara Municipal de Lisboa, um conjunto de projetos das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa com grande impacto: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.
Merecem destaque outros projetos em que participou: o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de S. Jorge; o jardim Maria Amália, junto ao parque Eduardo VII (1996).
Percurso associativo e político
Iniciou a sua atividade cívica como membro da Juventude Agrária e Rural Católica.
Em 1945 foi um dos fundadores do Centro Nacional de Cultura, do qual se tornou o associado número um.
Fundou, em 1957, com Francisco Sousa Tavares, o Movimento dos Monárquicos Independentes, que seria seguido pelo Movimento dos Monárquicos Populares.
Apoiou, em 1958, a candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República.
Em 1959 foi um dos signatários da carta a Salazar sobre os serviços de repressão política.
Foi candidato a deputado nas eleições legislativas pelas listas monárquicas independentes em 1965.
Durante as devastadoras cheias de Lisboa, em 1967, contestou publicamente na RTP as políticas de urbanização em vigor.
Em 1969 foi candidato a deputado à Assembleia Nacional pela lista da CEUD. Em 1971 participou na fundação da Convergência Monárquica, que reuniu três movimentos monárquicos: Movimento Monárquico Popular, Liga Popular Monárquica e a Renovação Portuguesa.
Após o 25 de abril de 1974, fundou o Partido Popular Monárquico (PPM), juntamente com personalidades como Francisco Rolão Preto, Henrique Barrilaro Ruas, João Camossa de Saldanha, Augusto Ferreira do Amaral, Luís Coimbra. Presidiu ao diretório do PPM. Foi subsecretário de Estado do Ambiente nos primeiros três governos provisórios e Secretário de Estado da mesma pasta no primeiro Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares.
Em 1979 integrou, como dirigente do PPM, a Aliança Democrática (AD) constituída também pelo PSD e pelo CDS. Foi eleito deputado à Assembleia da República nas eleições legislativas de 1970, 1980 e 1983. De 1981 a 1983 integrou o VIII Governo Constitucional, liderado por Francisco Pinto Balsemão, como Ministro do Estado e da Qualidade de Vida. A sua ação governativa neste período é determinante no estabelecimento de um regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território, criando as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional (RAN), da Reserva Ecológica Nacional (REN), as bases do Plano Diretor Municipal (PDM) e o Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT).
Como deputado na Assembleia da República, contribuiu para as propostas da Lei de Bases do Ambiente, da Lei da Regionalização, da Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, da Lei dos Baldios, da Lei da Caça e da Lei do Impacte Ambiental.
Em 1984 criou o Movimento Alfacinha, pelo qual foi candidato à Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido eleito vereador. Em 1985 regressou à Assembleia da República como deputado independente do Partido Socialista (PS). Em 1993 fundou o Partido da Terra, cuja Presidência deixou em 2007.
Em 2010 integrou a Plataforma Cidadania e Casamento, tomando posição pública contra o casamento de pessoas do mesmo sexo.
Apoiou as candidaturas de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa em 2009 e 2013.
Muito do seu trabalho académico e da sua intervenção política foi realizado em nome de uma ideia de «ecodesenvolvimento».
Filmografia
O realizador João Mário Grilo dirigiu o documentário A Vossa Terra – Paisagens de Gonçalo Ribeiro Telles, que foi apresentado publicamente no IndieLisboa de 2016.
Distinções
Prémio Valmor de 1975
Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, o prémio internacional mais importante em arquitetura paisagista, em abril de 2013.
Grau de Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant❜Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico – 31 de outubro de 1969.
Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo - 6 de abril de 1988.
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade - 10 de junho de 1990.
Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique - 25 de maio de 2017.