Nota Biográfica:
Subscritor da SEDES nº 36 - Adérito de Oliveira Sedas Nunes, Prof. Catedrático
(Lisboa, 1928-Lisboa, 1991)
Formação e percurso académico
Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF), em 1951. Pouco depois de se ter licenciado ingressou no Gabinete de Estudos Corporativos.
Foi Bolseiro do Instituto de Alta Cultura em 1953-56 e 1959-62.
Na qualidade de subinspetor da Assistência Social e membro da Comissão de Saúde Rural, participa na elaboração das bases do Plano Nacional de Saúde e Assistência. Entre 1957 e 1959 dirige o Centro de Estudos Sociais e Corporativos.
Em 1955 tornou-se assistente no ISCEF, lecionando História dos Factos e das Doutrinas Económicas. Ensinou economia, história económica e sociologia. Em 1956 foi convidado para diretor do Centro de Estudos do Ministério das Corporações, funções que exerceu durante mais de dois anos. Saiu do cargo por razões de discordância ideológica. Como funcionário do Ministério das Corporações, e Previdência Social, participou em trabalhos ligados ao recenseamento de profissões, à saúde, previdência e serviços sociais, e participou nos trabalhos preparatórios do IIº Plano de Fomento (1959-1964).
Em 1959 foi nomeado adjunto da Direção do Instituto Nacional de Investigação Industrial.
Foi bolseiro do serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1963 e 1964.
Foi professor na Academia Militar e no Instituto de Estudos Sociais. Em 1972 o IES foi extinto num processo em que foi fundado o ISCTE. Adérito Sedas Nunes colaborou ativamente neste processo de refundação, nomeadamente na conceção do plano de estudos de uma licenciatura em Ciências do Trabalho oferecida pelo ISCTE. Este curso, após o 25 de abril de 1974, transformou-se na primeira licenciatura em sociologia em Portugal.
Dinamizou e colaborou ativamente na revista Análise Social, órgão do Gabinete de Investigações Sociais (GIS), criado no ISCEF em 1963. Foi principal impulsionador membro e subdiretor (1965) do GIS. A partir de 1972, ano em que é lançada a segunda série, assumiu o cargo de subdiretor e membro do Secretariado de redação da Análise Social e, a partir de 1977, o de diretor, cargo que exerceu até pouco antes da sua morte. O seu trabalho de investigação, juntamente como o Mário Murteira, foi pioneiro da institucionalização da sociologia em Portugal.
Publicou estudos sobre questões ligadas ao desenvolvimento da sociedade portuguesa, entre os quais são destacáveis os estudos sobre “Portugal, sociedade dualista em evolução” (1964), a população e o sistema universitário português (1968), a crise da Universidade e a composição social da população portuguesa (1969).
No início da década de 1970 leciona no ISCEF Introdução às Ciências Sociais. No âmbito da preparação para esta cadeira produz uma reflexão sobre questões epistemológicas e metodológicas das Ciências Sociais que estariam na génese do livro Questões Preliminares sobre as Ciências Sociais (1972).
Em 1973 tornou-se professor catedrático do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), onde continuou com este estatuto docente até 1981. Em janeiro de 1973 tornou-se subdiretor do ISCTE; entre maio e dezembro de 1974 presidiu ao Conselho Diretivo deste Instituto; entre 1978 e 1981 ao seu Conselho Científico.
No início da década de 1970 está ligado ao lançamento da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade de Lisboa e, após o 25 de abril de 1974, à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde foi professor catedrático de 1982 a 1988.
Em 1982 funda o Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, partindo do núcleo do antigo GIS. Foi investigador coordenador e diretor do ICS até 1990.
Foi Presidente da JNICT desde novembro de 1976 até agosto de 1977. Regressou ao ISCTE para assumir funções como presidente do Conselho Científico, a partir de 1978.
Percurso associativo e político
Foi membro e, em 1952, tornou-se presidente da Juventude Universitária Católica tendo organizado, com Maria de Lurdes Pintasilgo, o I Congresso da JUC em 1953.
Em 1969 foi nomeado procurador à Câmara Corporativa, com assento na Secção de Economia e finanças.
Adérito Sedas Nunes foi ministro da Cultura e da Ciência e da Coordenação Cultural do Vº Governo Constitucional, entre 1 de agosto de 1979 e 2 de janeiro de 1980. Foi membro da comissão científica e de avaliação do Instituto Gulbenkian de Ciência e foi membro da comissão integração do ISCTE na Universidade de Lisboa. Foi membro do Conselho Consultivo de Ciências Humanas no INIC.
Publicações selecionadas
Da sua obra são de destacar os títulos:
Situação e Problemas do Corporativismo - 1954. Prémio Nacional SNI Anselmo de Andrade (categoria ensaio).
Princípios de Doutrina Social - 1958.
Introdução ao Estudo das Ideologias - 1962.
Sociologia e Ideologia do Desenvolvimento: Estudos e Ensaios - 1968.
A Situação Universitária Portuguesa - 1971.
Questões Preliminares sobre as Ciências Sociais - 1972.
História dos Factos e das Doutrinas Sociais - 1992.
Distinções e condecorações
Grã-Cruz da Ordem de Instrução Pública - 1988.
Grã-Cruz de Sant❜ Iago de Espada - 1992 (póstuma).